segunda-feira, 8 de novembro de 2021

nem conto e nem erótico

Sem saber como contornar a súbita sensação de tristeza, eu estava petiscando a batata frita sem prazer, conscientemente fitando o cheddar grudado na lateral da caixinha do hambúrguer meio comido. Depois de um silêncio prolongado, sua voz determinada ecoou, atraindo automaticamente o meu olhar:
 — Eu quero te comer.
Por um momento perdi a compostura, atingida pela surpresa. Não era o que eu esperava ouvir. Recuperei o fôlego roubado pela onda imediata de tesão, e embora estivesse hesitante, sustentei:
— Você QUER me comer ou você VAI me comer?
— Você quer que eu te coma?
Havia fogo nos olhos pousados sobre mim, eu sentia as chamas se alastrando, de dentro dele, para dentro de mim, serpenteando sob minha pele, o incêndio alcançando os meus espaços mais íntimos. Entorpecida, fiz que sim com a cabeça. Era tudo que eu conseguia fazer.  Estava sentada, mas sentia minhas pernas bambas sob a mesa. Meu corpo inteiro estava trêmulo de desejo.
— Então eu vou te comer.