Comprei um maço de cigarro
Fazia sentido...
tirei o lacre
Talvez um dia alguém sinta conforto em mim
no cheiro
das minhas roupas
dos meus cabelos
Talvez algum dia eu encontre conforto.
Ontem pouco me bastou
Enquanto garoava na minha cabeça
E as gotas, junto à fumaça, embaçavam meus óculos.
Hoje, nada.
Mas
Eu vou te encontrar
Na ponta de cada cigarro que eu fumar
Vou sentir seu beijo
Em cada tragada que eu der
Vou ver seu rosto
Em cada massa abstrata de fumaça que eu soltar
Minha voz ficará menos suave
E em cada verso que eu declamar
Eu vou lembrar da sua rouquidão...
"If I never see you again..."
Quando eu me tocar
Os meus dedos terão o cheiro dos seus dedos
Vai se misturar ao aroma do meu sexo
Levarei meus-seus dedos aos lábios
Vou fechar meus olhos...
Fingir que são suas, as digitais adocicadamente ásperas na minha língua
Sua existência vai resistir
Nos meus pulmões
Eu vou ficar sem ar
Toda vez que o seu nome vier à tona
E quando eu estiver quase morta
Será você o meu câncer
De alma
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
urbana
Vagando por essa cidade caótica
Eu vejo você
Nos olhares infantis
No vento cheio de poluição que espanca minha pele
No cheiro dos cigarros acesos
No meu próprio caminhar,
Refletido nas portas espelhadas de edifícios instáveis
Parada no ponto de ônibus
Eu
Sinto você
Quando toco as pérolas pendendo do meu pescoço
E te imagino, me puxando
Para muito perto
Violência, necessidade
O colar partindo
As bolinhas marfim rolando
... Para dentro do esgoto.
Eu não ligo.
--
Sentada à janela
Eu ouço você
Enquanto aproveito o balanço
Para...
...
Meu corpo arqueia
Um gemido rebelde se faz ouvir
Me olham
Minhas bochechas não coram
A dor é iminente
Mas eu acho que todo mundo deveria acordar atordoado
Às quatro horas de uma tarde
Ao som de um poema recitado
Todo mundo deveria se perder,
Uma vez ou outra
Eu me perco na constelação do seu corpo.
Eu vejo você
Nos olhares infantis
No vento cheio de poluição que espanca minha pele
No cheiro dos cigarros acesos
No meu próprio caminhar,
Refletido nas portas espelhadas de edifícios instáveis
Parada no ponto de ônibus
Eu
Sinto você
Quando toco as pérolas pendendo do meu pescoço
E te imagino, me puxando
Para muito perto
Violência, necessidade
O colar partindo
As bolinhas marfim rolando
... Para dentro do esgoto.
Eu não ligo.
--
Sentada à janela
Eu ouço você
Enquanto aproveito o balanço
Para...
...
Meu corpo arqueia
Um gemido rebelde se faz ouvir
Me olham
Minhas bochechas não coram
A dor é iminente
Mas eu acho que todo mundo deveria acordar atordoado
Às quatro horas de uma tarde
Ao som de um poema recitado
Todo mundo deveria se perder,
Uma vez ou outra
Eu me perco na constelação do seu corpo.
segunda-feira, 10 de setembro de 2018
fumaça
As coisas invariavelmente começam como se nada estivesse acontecendo. É simples assim. Você não é ninguém pra mim, e eu não sou ninguém para você. Bate até um desconforto, de tanta mensagem chegando, e do impulso de respondê-las. Te vejo como um todo — um amontoado de características. Um homem como qualquer outro.
Mas aos poucos... O papo passa do morno para o muito quente — a sensação é, ao mesmo tempo, sufocante e deliciosa, como são as melhores coisas. Palavras bem aplicadas, surge a identificação. Você entra na minha cabeça. Forjamos a conexão...
... Talvez seja por hábito, que nós fazemos essas coisas. Continuamos, porque a opção é o vazio. O nada perde espaço, se torna alguma coisa... Dez minutos já não são o suficiente. Eu quero mais, quero todos os seus minutos e todos os seus pensamentos.
Vou isolando suas características, passa a me agradar o que sinto e o que vejo. Pintas, olhos, dedos. Desejo. O jeito que os seus lábios soltam a fumaça...
Sozinha na minha cama, fantasio, ao som de Portishead, sobre o seu cheiro. Sobre sua voz, a textura da sua pele... a temperatura do seu abraço. Fico imaginando o tom do seu gemido. Tudo em você é meio encenado...
Quando noto, você está sob a minha pele. Meu ser anseia por você. A mais inocente lembrança da sua existência eriça todos os meus pelos. O meu coração descompassa, o meu cérebro fica dormente. O seu nome encharca a minha calcinha...
É tudo muito breve, as coisas são intensas. Mas eu descobri, ao longo da vida, que intensidade é algo que não dura...
É brutal, a porrada que atinge o meu estômago. O sentimento é um raio atravessando o meu corpo repetidamente. Meu coração ganha mais um remendo. O buraco no qual venho caindo fica mais profundo.
E de repente, são cinco horas da manhã. Eu fumo meu primeiro cigarro em muitos meses, para me sentir mais perto de você. Olho suas fotos, revivendo as palavras, e penso no absurdo das coisas. Há pouco tempo você nem existia.
O fluido transparente escorre pelas minhas coxas, enquanto você dorme com ela.
Solto a fumaça.
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