quarta-feira, 12 de setembro de 2018

urbana

Vagando por essa cidade caótica
Eu vejo você

Nos olhares infantis
No vento cheio de poluição que espanca minha pele
No cheiro dos cigarros acesos
No meu próprio caminhar,
Refletido nas portas espelhadas de edifícios instáveis

Parada no ponto de ônibus 
Eu
Sinto você
Quando toco as pérolas pendendo do meu pescoço
E te imagino, me puxando
Para muito perto

Violência, necessidade

O colar partindo
As bolinhas marfim rolando
... Para dentro do esgoto.

Eu não ligo.

-- 

Sentada à janela
Eu ouço você

Enquanto aproveito o balanço
Para...
...

Meu corpo arqueia
Um gemido rebelde se faz ouvir
Me olham
Minhas bochechas não coram

A dor é iminente

Mas eu acho que todo mundo deveria acordar atordoado
Às quatro horas de uma tarde
Ao som de um poema recitado

Todo mundo deveria se perder,
Uma vez ou outra

Eu me perco na constelação do seu corpo.