sexta-feira, 22 de outubro de 2010

descuido

Inclinada e pensativa,
sobre a proa eu fiquei;
Perdi minha palavra 
entre as águas do oceano!...
Quando dei por falta, 
chorando, aos prantos,
Pulei no azul profundo  
— o desespero foi tanto...

Perdi todas as forças 
nadando contra a corrente
E para meu desgosto, 
a palavra, no fluxo das águas
Morrera e fora comida por peixes.

Olhei para o Céu praguejando heresias
E minhas lágrimas quentes
se juntaram às águas frias.

E mesmo ali, banhada e gélida
Pude sentir que estava seca,
Insensível para a poesia...

O navio há muito partira,
Minha alma também se foi;

Só eu fiquei ali, inerte e vazia.

Meu espírito, inquieto e triste,
não pôde se elevar:
Perder a palavra...
maior descuido não há!