sexta-feira, 6 de julho de 2018

puta na sociedade e puta na cama (mais puta na sociedade do que na cama)

Aprendi a amar nos cantos / rapidinho pela rua / nem tirava toda a roupa / quase nem ficava nua 🎶


   Sou politicamente vadia. Mesmo antes de aderir a princípios feministas, eu já sabia disso.
   E para mim, ser puta nesse contexto, é fazer exatamente o que eu quero. Ser imune a morais patriarcais e cristãs numa sociedade patriarcal e cristã. 
   A vida inteira eu fiz o que me deu na telha, e sempre fui considerada errada por isso. Não planejei ser assim, só não sei existir de outra forma.
   Sexualmente, eu sou provocadora, mas careta. Eu quero dar muito, e nas mais variadas posições, mas eu quero paixão, quiçá, amor. 
   Faz muito tempo que prometi a mim mesma que nunca mais faria sexo com pessoas que me fizessem sentir vazia e suja. Me senti assim todas as vezes que transei, exceto duas. É algo devastador de se sentir. E não senti isso porque sexo é inevitavelmente sujo e vazio, e sim porque me precipitei com pessoas que nem sequer tentaram entender como eu funciono. Nunca gozei com ninguém (não à toa, não estou sozinha nessa!). Nunca me senti completamente confortável.
   Agora aparece gente achando que só porque eu exponho meu corpo e minha alma, e especialmente, porque sou gorda, eu tenho que ser “consistente” e dar para qualquer um que me queira. Acham que eu tenho que aceitar todo tipo de fetiche, toda espécie de degradação para validar meu "discurso". Passei os últimos dias remoendo isso, inquieta porque querem me tratar feito puta de esquina e ainda rachar a conta do motel. Até que me ocorreu que putas de esquina também têm o direito de dizer NÃO. Que putas de esquina não merecem ser tratadas como a sociedade acha que putas de esquina devem ser tratadas!
   A sociedade quer degradar a mulher para o prazer masculino.
   E eu quero ser puta na cama como sou na sociedade: fazendo exatamente o que eu quero. Sentindo uma parcela de satisfação. QUERO ser puta de UMA só pessoa! Experimentar meu corpo no de outra pessoa, descobrir e ser descoberta, gozar. Amar!
   O meu corpo não é bagunça. Vestida ou pelada, o meu corpo gordo não é um convite para humilhação.
   Não vou aceitar essa lavagem cerebral de que mereço coisas ruins por ser quem eu sou. Nunca mais!