quinta-feira, 2 de março de 2017

Do Diário, Do Desejo

   ... Outro dia desses o E acordou com um tesão animal, e disse que queria gozar me ouvindo. A princípio me neguei, porque sou péssima falando o que quer que seja; no telefone, um tanto mais. 
   Apesar disso, e do receio de ser ouvida pelos meus irmãos, recebi a ligação. Não falei muito: por mais que eu tentasse, era incapaz de articular o tesão que eu também sentia.
   O ouvi batendo uma, ofegando, gemendo, contando o que queria fazer comigo e me cobrando respostas... Vai me deixar gozar na sua boca? Vou. Vai ficar de quatro pra mim? Vou, e eventualmente gozando com a voz carregada. 
   É, sem dúvidas, o melhor som que já ouvi na vida. Não há música, barulho de folhas dançando nas árvores ou declaração de amor que se compare ao prazer de ouvir aquilo acontecendo.
   Não me senti suja, não surtei. Me senti, de fato, ótima. Cheia de uma vitalidade nunca antes experimentada. 
   Queria ter gravado aquela chamada para ouvi-lo gozando no meu ouvido 24 horas por dia, até o fim dos tempos, sabendo que naquele momento de êxtase, no meio de todo aquele ardor, enquanto o sangue circulava mais rápido por suas veias e a porra jorrava no chão, eu era a única coisa em sua mente.
   Sem mais uma palavra ele encerrou a ligação, e eu fiquei deitada ali, o seio de fora, o sexo latejando. 
   Mandei uma foto. 
   Eu, a putinha a quem ele recorre quando está com tesão. Sua puta. Sua fêmea. Ele é  o meu macho, vai cuidar de mim. De forma inédita, me senti mulher. 
   Ser mulher e ser puta são duas coisas intimamente interligadas... inseparáveis.