terça-feira, 19 de setembro de 2017

Salina

Você está certo em tudo o que diz.
Suas palavras não são novas,
Mas fazem todo sentido
Se vomitadas por outra pessoa, 
Fariam sentido nenhum
Até me permito chorar diante de tanta coerência
Só que eu choro por tantas palavras, 
Com tanta frequência, que fico descreditada
Choro quase sempre, mesmo sem motivos
Às vezes o choro vem numa torrente de palavras
Que saem ao mesmo tempo da minha cabeça
E do meu músculo cardíaco
Às vezes é como um vulcão em erupção, 
Mas as lavas são vermelhas, seis litros delas
Tem vezes que vem de forma tão estranha;
Um líquido viscoso e translúcido 
Escorrendo pelas minhas pernas
E às vezes é a receita tradicional;
Água, sais minerais, proteínas e gordura.
Fluidos lacrimais.
Essas lágrimas que eu sempre imagino meio amareladas
Mas são mesmo transparentes 
(não o suficiente)
Eu queria que você visse as minhas lágrimas
E fizesse algum sentido delas.
Eu tenho esse desejo latente
De que alguém se aproxime de mim
E beije o meu rosto molhado-salgado,
Sorvendo toda a tristeza que escapa pelos meus olhos.